Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), equipamento da Secretaria de Cultura do Ceará (Secult CE), gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM), seleciona 20 Agentes Criativos e 20 Iniciativas de Desenvolvimento Comunitário do Grande Bom Jardim, região da periferia de Fortaleza. A seleção foi realizada por meio de duas Chamadas Públicas, lançadas entre maio e junho de 2024, pelo Núcleo de Articulação Técnica Especializada (NArTE), setor de Cidadania Cultural do CCBJ.
As Iniciativas Comunitárias recebem, em 2024, o total de R$ 12.000. Já os Agentes Criativos selecionados recebem R$ 2.000 até o final do ano. Os valores são parcelados entre os meses de julho e dezembro. Além de encontros e envio de relatórios, os Agentes Criativos realizam uma atividade por mês no CCBJ, enquanto as Iniciativas Comunitárias comprovam 100 beneficiados indiretos pelo projeto e colocam em prática o plano de ação elaborado.
Os selecionados nas convocatórias também desenvolvem uma atividade de culminância em dezembro, a ser apresentada na Semana de Direitos Humanos ou Mostra das Artes do CCBJ, e propõem contrapartidas no equipamento. Compondo as programações do NArTE/CCBJ, espera-se que as iniciativas ganhem visibilidade e inspirem outras pessoas do Grande Bom Jardim, além de fortalecer a divulgação de suas ações por meio da veiculação nas redes sociais, gerando mais valor ao trabalham que realizam no território.
Geovana Correia, coordenadora do NArTE, conta que o primeiro ciclo da Chamada Pública para Agentes Criativos ocorreu em 2020, como forma de auxiliar os jovens artistas e educadores no período da pandemia de Covid-19. “Eram 50 agentes participantes e tinha uma perspectiva emergencial de minimizar o impacto da crise humanitária que limitou a atuação”, diz. A iniciativa se manteve desde então, mas Geovana explica que a quantidade de jovens contemplados foi reduzida a fim de qualificar o acompanhamento.
A convocatória de Iniciativas de Desenvolvimento Comunitário também surgiu em 2020, voltado para manutenção das atividades e das estruturas das iniciativas contempladas de forma virtual e para o atendimento ao público em situação de vulnerabilidade social. A coordenadora aponta a utilidade do recurso na “aquisição de equipamentos ou pequenas reformas, até a estruturação de equipe e educadores mais experientes, formando capital social”.
Transformação social
Sobre o impacto financeiro da Chamada Pública para Agentes Criativos, a coordenadora do NArTE afirma: “Do ponto de vista financeiro, nós não podemos dizer que ela vai transformar vidas, mas vai garantir minimamente que aquele jovem que atua em associações, em escolas, nos projetos sociais e educacionais do seu bairro, com vista a transformação da comunidade onde ele atua, possa garantir as mínimas condições de manutenção de suas atividades com apoio a custos como transporte, por exemplo”.
“No caso das Iniciativas Comunitárias, o recurso das bolsas está voltado a investir também na manutenção das estruturas físicas, como custos de pequenas reformas, aluguéis e outras contas mensais, sempre cientes que a sustentabilidade dos espaços e a realização das atividades deve buscar sua continuidade mesmo após a finalização do período de execução”, conclui Geovana.
Além de abranger áreas e linguagens diversas, como arte educação, economia criativa, cozinha comunitária, cineclubes, baile de reggae e artes circenses, educação ambiental, terapias comunitárias holísticas e esporte, os editais têm um formato simplificado de inscrição e podem servir de perspectiva para concorrer a outros editais, já que exigem uma estruturação mínima do projeto, com planejamento e avaliação.
A coordenadora do NArTE ressalta a importância dessas atividades e serviços ofertados gratuitamente na comunidade como uma forma de democratizar acesso à cultura e à arte. Ela define as Chamadas Públicas como estratégias de descentralização das políticas culturais, buscando promover transformação social por meio do impulsionamento das ações desenvolvidas pela comunidade para a própria comunidade.
Iniciativa de Desenvolvimento Comunitário
O projeto Irmão Sol Irmã Lua é uma das iniciativas contempladas em 2024 e tem como proponentes Luiz Alberto de Sousa Martins, Joice Tavares e Wesley Freitas da Silva. Eles inscreveram um plano de ação formativo relacionado à marcenaria. Luiz Alberto de Sousa, conhecido como Beto, conta que o recurso do edital ajudará a associação na compra de madeiras, já que a organização costuma utilizar materiais de reuso.
O projeto Irmão Sol Irmã Lua trabalha com ex-encarcerados, atuando na reinserção desses sujeitos na sociedade a partir da produção de renda e de autoestima. Nesse sentido, o plano de culminância do projeto, que visa o atendimento de 120 pessoas durante os cinco meses de desenvolvimento do plano no CCBJ, é fazer uma exposição das peças criadas pelos participantes da turma.
O professor Wesley Freitas afirma receber relatos positivos dos beneficiários do projeto e acredita que ser contemplado no edital de Iniciativas de Desenvolvimento Comunitário pode ampliar os impactos do trabalho desenvolvido pela associação por meio da projeção que o CCBJ pode ofertar para o grupo.
Agente Criativa
Nayonara da Paixão, agente criativa do CCBJ em 2024, tem 17 anos. Ela é uma técnica de enfermagem em formação, mas gosta muito de desenhar. A agente criativa descobriu o poder do desenho como forma de expressão no CCBJ há algum tempo e se utiliza da prática sempre que se sente mal. Com o projeto “Desenhando e despertando sentimentos”, Nayonara busca retribuir às crianças do Grande Bom Jardim a mesma experiência que teve.
“Eu acredito que as crianças necessitam que de alguma forma elas sejam escutadas, e a forma que eu escolhi para escutar elas foi com o meu projeto”, afirma a agente. Seu plano de ação prevê a realização de oficinas de pintura na programação do “É O Brinca”, programa do NArTE/CCBJ que propõe atividades voltadas para o público infantil aos sábados.
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