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O LUGAR DA MULHER É AONDE ELA QUISER: BATUQUE DE MULHER PROTAGONIZA MULHERES PERIFÉRICAS NA PERCUSSÃO

07/11/2021

A Convocatória para Manutenção dos Grupos e Coletivos Artísticos e Culturais do CCBJ desta semana destaca um coletivo na linguagem da música e feito só por mulheres periféricas: Batuque de Mulher. A Convocatória para Manutenção dos Grupos e Coletivos Artísticos e Culturais do CCBJ desta semana destaca um coletivo na linguagem da música e feito só por mulheres periféricas: Batuque de Mulher.

Um grupo de mulheres periféricas articularam-se em 2018 para tocar percussão. A partir da  inquietação relacionada à pouca participação de mulheres nos grupos de percussão, as articulações passam a ser realidade  e é lançado o Batuque de Mulher, idealizado pela percussionista Kassia Oliveira  em parceria com movimentos de mulheres do Conjunto Palmeiras (associações e Mulheres de terreiro) e Companhia Bate Palmas. 

Com a missão de favorecer o protagonismo feminino na percussão no cenário artístico e cultural de Fortaleza, o Batuque de Mulher, hoje, reúne 32 mulheres de diversas idades e diferentes periferias. Atualmente as formações acontecem em parceria com os coletivos do Conjunto Palmeiras, Casa de Arte Bate Palmas, Associação de moradores, Associação de Mulheres em Movimento, Associação Emancipadas e Banco Palmas.

“O Batuque teve suas primeiras vibrações no coração da Kássia Oliveira, mulher, preta, lésbica, percussionista da cidade, criada lá no Conjunto Palmeiras. São 3 anos de existência, a  Kássia idealiza o batuque e convida as mulheres que topam sonhar esse sonho juntas e cá estamos fazendo história”, relembra Natyelle Martins, arte educadora e integrante do grupo. Natyelle também descreve que todos os sábados, ela e as amigas reúnem-se no quintal mais bonito do Conjunto Palmeiras (A sede do Batuque fica na Casa de Arte Bate Palmas. AV. Valparaíso, 673 Conjuntos Palmeiras), fazendo samba, dando risada, cantando, dançando e “às vezes brigando,né?! Somos muitas! mas acima de tudo emanadas pelo amor”, completa. 

A escolha do nome Batuque de Mulher veio pela afirmação do protagonismo feminino na percussão. “Sobre o nome, uma ruma de mulher tocando, brincando, esse Batuque é de Mulher, é coisa de mulher! Percussão é coisa de mulher”, revela Natyelle Martins.

A PARCERIA COM O CCBJ: Convocatória Pública para Manutenção das Atividades Artísticas e Culturais de Grupos e Coletivos do Grande Bom Jardim

O Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (SECULT), gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM) realiza no ano de 2021 (Setembro a Dezembro) a Convocatória Pública para Manutenção das Atividades Artísticas e Culturais de Grupos e Coletivos. 

Em sua segunda edição a convocatória teve como objetivo selecionar 10 (dez) propostas de grupos e/ou coletivos artísticos nas suas mais diversas linguagens e manifestações, para a sustentabilidade dos trabalhos e estímulo ao aprimoramento profissional, como estratégia de enfrentamento aos impactos gerados pela pandemia COVID-19, colaborando para manutenção de suas atividades, através de concessão de ajuda de custo/bolsa-auxílio, por um período total de 04 (quatro) meses. Sobre os outros grupos acesse aqui: https://ccbj.org.br/acao-cultural/manutencao-dos-grupos-culturais/

O Batuque de Mulher está entre os grupos selecionados e deixa registrado a intervenção do CCBJ em sua trajetória. “O CCBJ é uma grande potência, um equipamento valioso, que proporciona muitos aprendizados e avanços para a sociedade e onde chega, e tem chegado cada vez em mais espaços. Fortalecendo nossas vozes , nossa caminhada, criando elos de resistência. Nós do Batuque fomos diretamente atingidas por essa força e isso tem contribuído bastante, potencializando nossa organização interna, nos desafiando, nos proporcionando avançar em etapas que por vezes achamos que estamos tão cansadas que não daríamos conta, mas tem esse apoio, esse incentivo, que nos fortalece”, compartilha Natyelle Martins.

INSPIRAÇÃO PARA BATUCAR

O Batuque de Mulher foi encontrar inspiração nas grandes mestres do samba do coco, do Carimbó como  Clementina de Jesus, Jovelina Pérola Negra, Dona Ivone Lara, Clara Nunes, Aurinha do Coco, Selma, Lia de Itamaracá, Dona Onete, além de outras compositoras negras como Elza Soares,  Lia de Itamaracá, Tereza Cristina. “Entre tantas outras mulheres incríveis, que abriram alas para estarmos aqui hoje em um movimento de resistência”, completa a arte educadora Natyelle Martins.

A inspiração vem de outras mulheres, fortes e que também tem a identificação com a cultura afro-brasileira na elaboração de seus ritmos e proposta musicais e através disso o Batuque de Mulher busca experimentar ritmos dessa matriz, como o samba, jongo, maracatu, coco, boi, ijexá, cabula, barravento, agueré, capoeira angola.

AS AÇÕES DO BATUQUE DE MULHER: EM RETOMADA

Além do objetivo central que é o de protagonizar as mulheres na percussão, o Batuque de Mulher também é um espaço que fomenta discussões internas e externas sobre as questões de gênero e raça, o protagonismo das mulheres na comunidade, violência contra a mulher, feminicídio e fortalecimento da identidade da mulher negra, “dando origem à ideia de realizar um trabalho onde pudéssemos vivenciar e celebrar o reencontro com suas raízes ancestrais através do toque do tambor”, diz Natyelle.

As atividades desenvolvidas além de oficinas de música e apresentações culturais são: formações e debates acerca do gênero feminino, o protagonismo das mulheres na comunidade, questões raciais, LGBTfobia, violência contra a mulher e feminicídio. O grupo tem como objetivo fortalecer o empoderamento feminino através do batuque, na formação de mulheres multiplicadoras de ações sociais.

Os ensaios acontecem de forma presencial e no período de pandemia, o grupo paralisou suas atividades e agora mais recente, em retomada a turma tem triplicado os protocolos de segurança para manter a saúde de todas e a garantia de continuidade dos projetos.

Os ensaios acontecem aos sábados a partir das 15 horas no quintal da Casa Bate Palmas (Avenida Valparaíso 673), “o quintal é nossa Fortaleza, espaço aberto, acolhedor, que reúne nossa resistência e alegria”, acolhe Natyelle.

Nessa retomada, muitas mulheres procuram o Batuque, porém algumas interessadas não podem participar das rotinas de ensaios aos sábados. Diante disso, o grupo definiu abrir o ensaio geral, uma vez por mês , na Pracinha do Conjunto Palmeiras. “Lá é onde as mulheres podem chegar juntas, para tocar e viver essa experiência e também vivencia essa troca afetiva e fortalecimento dentro do bairro”, garante a integrante Natyelle.

O Batuque de Mulher tem foco em mulheres, em toda a sua diversidade. No momento, o coletivo está em ensaio para espetáculo em construção, portanto a entrada de integrantes está temporariamente suspensa. Contudo, os ensaios  abertos na praça é um espaço de acolhimento para o público interessado. “As mulheres que quiserem chegar e tocar são muito bem vindas, quem quiser chegar e ouvir nosso som pode chegar junto também, trazer os crush, as crianças, família e amiges”.

PRÓXIMOS BATUQUES

O coletivo concentra forças nesta fase de retomada, visando a segurança e a saúde das integrantes. O Batuque de Mulheres também está articulando o I Espetáculo Vozes Tambor. “Nossos ensaios têm concentrado o foco para a construção dessa ideia, onde queremos juntar para além da percussão, e das vozes, o movimento corporal, a poesia e também nossas bandeiras de luta”. 

Semestre passado, o coletivo encerrou o Laboratório de Pesquisa do CCBJ, que a partir de uma cartografia social, foi feito o levantamento de mulheres moradoras do Conjunto Palmeiras que tiveram ou tem alguma relação com a música ( independente do gênero musical) e quais os desafios que atravessaram suas histórias enquanto mulheres musicistas. “Temos o objetivo de dar continuidade a esse projeto, seja na construção de um livro, uma amostra, algo que possamos compilar essas histórias e apresentar para a sociedade”, adianta Natyelle.

POR ONDE BATUCAMOS (Shows/eventos e atos culturais) 

Espetáculo Vozes Tambor na IX Curta o Gênero – online – 15/08/2020;

Espetáculo Ainda Vivas online – Participação do Sarau Bate Palmas – 14/08/2021 ;

Apresentação de abertura no Foro Econômico Local do Conjunto Palmeiras – Associação dos Moradores- 28/07/2021;

Encontro com Cantos para ressurgir – Oficina de composição criativa online- 05/06/2021;

1° de Maio Solidário 2021 reivindica democracia, emprego e vacina para todos, CUT – 01/06/2021;

Encontro- Margens, trajetórias, existências e resistências sociais, Laboratório de pesquisa CCBJ – 05/03/2021;

Projeto de Pesquisa Mulher conta a tua História, aprovado pelo Laboratório de Pesquisa do CCBJ – Outubro de 2020 à Fevereiro de 2021;

Sarau da B1 e Batuque de Mulher- Aniversário de 5 anos do Sarau- 07/11/2020;

Participação como batuque no desfile do Afoxé Oxum Odolá na avenida Domingos Olímpio- 26/02/2020;

ENCONTRE BATUQUE DE MULHER EM:

Espaço: 

E-mail: batuquedemulher@gmail.com

Redes Sociais:

https://www.facebook.com/batuquedemulher

https://www.instagram.com/batuquedemulher

Aba no site CCBJ: 

Mapas Culturais:

Kassia Oliveira

https://mapacultural.secult.ce.gov.br/agente/18762/

Natyelle Martins

https://mapacultural.fortaleza.ce.gov.br/agente/97731/

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