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Exu não vem hoje: encruza na arte e na pesquisa

02/02/2024

Da encruza entre as vivências de Gabriel França, 22, Rafael Semino, 27, e Felipe Rodrigues, 26, nasceu um experimento cênico que transformou-se em espetáculo. Os integrantes do coletivo Farol Novo se reuniram no Laboratório de Pesquisa em Teatro da Escola de Cultura e Artes do Centro Cultural Bom Jardim (ECA/CCBJ) e deram continuidade a um processo que não começou ali.

Conforme Gabriel França, o espetáculo “Exu não vem hoje” é baseado em pesquisa. Vindos de um longo processo que foi iniciado no Laboratório de Pesquisa do Porto Iracema das Artes, ele e Rafael Semino vinham desenvolvendo pesquisas relacionadas a questões como o tempo espiralar e a oralidade. 

O experimento cênico e o coletivo Farol Novo nasceram quase juntos, mas somente nos Laboratórios de Pesquisa da Escola de Cultura e Artes do CCBJ “Exu não vem hoje” tornou-se um espetáculo. Enquanto aprofundavam as investigações no Centro Cultural Bom Jardim, desenvolviam também uma experiência na iniciativa Zona de Criação, do Instituto Dragão do Mar (IDM).

Conforme conta Felipe, o Laboratório de Pesquisa da ECA/CCBJ “conectou tudo”. “Através dele [Laboratório] pudemos ter o que esperávamos com o trabalho”, conclui. Com a meta de transformar o experimento em espetáculo traçado desde o início, o objetivo foi cumprido. “Tudo que a gente queria foi suprido”, diz Gabriel. 

Atravessado por diversas linguagens, a mediação da professora Deborah Santos – que assina também a interlocução coreográfica do projeto – trouxe, pela sua experiência na dança, grande colaboração em relação aos movimentos e marcações necessários ao produto desenvolvido pelo grupo. 

Conforme Gabriel França, assim como a dança, o rap e o funk fazem parte do espetáculo. Uma das cenas que sentiam necessidade de fazer melhorias era a do rap. A partir do encontro com o artista Z.O, eles compuseram mais uma música e também trabalharam essa linguagem no projeto.

Repleto de camadas, o espetáculo propicia diferentes percepções a diferentes públicos. Segundo Gabriel, quem é de terreiro, assim como ele, pode acessar diferentes camadas, ao mesmo tempo, quem não é adepto a religiões de terreiro não fica imune à apresentação.

Cores para além do preto e do vermelho, figurinos e cenários diferentes, um totem, um banner que conta uma história paralela àquela contada por “Exu não vem hoje” no palco e outros objetos de arte são grande parte das novidades possibilitadas pela pesquisa.

Focados no objetivo final, Rafael Semino, Gabriel França e Felipe Rodrigues desenvolveram sua pesquisa a partir do diálogo com profissionais diversos, de diferentes espaços, voltando-se à iluminação, cenário, figurino, coreografia, partitura e música. Assim, eles se propuseram a dar mais corpo à pesquisa de mestrado de Rafael.

Enquanto ele leva ao grupo sua bagagem acadêmica, Gabriel considera sua experiência como um contraponto; seus conhecimentos são da rua, do terreiro e da experimentação, embora seu primeiro contato com o desenvolvimento de pesquisa tenha ocorrido no Porto Iracema das Artes. Já Rafael se tornou pesquisador no Laboratório de Pesquisa do CCBJ – o espaço foi uma oportunidade de compreender como funciona o processo de produção de pesquisa.

Felipe considera que o projeto ainda estava e sempre estará em pesquisa. “Agora é lançar isso pro mundo, difundir o que fizemos e celebrar isso”, projeta Felipe Rodrigues. “Exu não vem hoje” começa na academia e ganha vida em centros culturais, a partir das encruzas internas e externas, mas não termina aqui.

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