Diretor discute “Cinema Periférico” em masterclass gratuita no CCBJ e participa de sessão inédita em Fortaleza do premiado “Mato Seco em Chamas”, seguida de debate no Cinema do Dragão
Neste final de semana, o Centro Cultural Bom Jardim, por meio da sua Escola de Cultura e Artes, e o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, via Cinema do Dragão, trazem uma programação especial com o renomado cineasta brasileiro Adirley Queirós. Uma masterclass gratuita e uma exibição de filme inédito no circuito de Fortaleza acompanhada de debates que destacam a produção audiovisual periférica. As ações são fruto de uma parceria entre o Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ) e Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, equipamentos da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceará) geridos em parceria com o Instituto Dragão do Mar.
Compondo a programação de Masterclasses 2023 do CCBJ, na sexta-feira (03), às 18h, o diretor brasiliense ministra Masterclass de Audiovisual “Cinema Periférico: memória e ficção”, que acontece no Teatro Marcus Miranda do CCBJ. Para participar, é necessário se inscrever através do preenchimento do formulário: https://bit.ly/masterclasscinemaperiferico
No sábado (4), às 18h40, no Cinema do Dragão, acontece a pré-estreia do novo filme de Adirley Queirós, ‘Mato Seco em Chamas’, longa co-dirigido por Joana Pimenta que passou por mais de sessenta festivais Nacionais e internacionais, dentre eles Festival do Rio, Festival de Brasília, Berlim, Cinema du reel, New York Film Festival, e ganhou 16 premiações internacionais. A sessão será seguida de debate com o diretor e contará com mediação da curadora e programadora do Cinema, Kênia Freitas. Segundo ela, ‘Mato Seco em Chamas’ desafia classificações e a linguagem cinematográfica, combinando documentário com elementos do faroeste e ficção-científica. “Adirley Queirós é um dos diretores brasileiros da atualidade que trabalha de forma mais inventiva, juntando processos de autofabulação de pessoas da periferia com uma recriação de gêneros cinematográficos. A possibilidade de conversar com ele depois da exibição do Mato Seco em Chamas será um momento especial, para aproximar ainda mais público e realizadores do estado, desse cinema tão potente”, afirma a gestora.
A exibição e o bate-papo compõem a programação da 9ª Mostra Retroexpectativa. A sessão integra a o programa Sessão Vitrine, com ingressos reduzidos a R$ 6 (meia) e R$ 12 (inteira) que podem ser adquiridos na bilheteria física do Cinema do Dragão ou no site Ingresso.com (https://www.ingresso.com/cinema/cinema-do-dragao?city=fortaleza).
Masterclass
“Cinema Periférico: memória e ficção” promove uma conversa que pretende refletir sobre as produções audiovisuais realizadas pelo cineasta Adirley Queirós e as formas de como esses filmes e produções podem criar, através de outra forma de produção que não aquela tradicional hegemônica, personagens limítrofes entre ficção e documentário. “Acredito que esse limite estabelece o lugar de uma fabulação política, onde a memória é ressignificada de acordo com as lutas territoriais, e o filme pode se transformar em instrumento de luta para os povos subalternizados na relação clássica da criação, produção e distribuição do audiovisual”, conta Adirley.
Para chegar nesse ponto, Adirley lança a hipótese de que existe um dispositivo que o cineasta chama de etnografia da ficção. Em linhas gerais: propõem-se personagens ficcionais, tanto para atores profissionais quanto para atores não profissionais, e se filma de maneira etnográfica. Se espera que com essa forma de filmar, cujo tempo de produção é essencial, que uma camada surja da memória vivida dos personagens. A ficção se transforma apenas no arquétipo, que vai perdendo força com o tempo, e a memória que vem à tona seja aquela experimentada e projetada pelo ator-personagem.
Adirley Queirós é um ex-jogador de futebol, morador da cidade de Ceilândia, periferia de Brasília, desde o ano de 1974. Desde o ano de 2004 é um fazedor de filmes realizados na cidade em que mora, com elenco composto por atores não profissionais e também moradores de Ceilândia.
O primeiro filme longa metragem que realizou foi “A Cidade é uma Só?” (2012), vencedor da Mostra Aurora do Festival de Tiradentes daquele ano. Realizou outros filmes como “Era Uma Vez Brasília” (2017), que teve a sua estreia no 70º Festival de Cinema de Locarno, onde recebeu a Menção Honrosa Signs of Life, e também “Branco Sai, Preto Fica” (2014), que passou em inúmeras salas de cinema no Brasil e ganhou mais de 20 prêmios. O seu trabalho passou já por locais como o Lincoln Center, Museu da Imagem em Movimento, ICA Londres, Pacific Film Archive, para além de aparecer em publicações como a Artforum, Cinemascope e Cahiers du Cinéma. Os filmes de Adirley tiveram estreias comerciais no Brasil, Estados Unidos, UK, Argentina, Portugal, entre outros países e estão neste momento disponíveis no canal The Criterion Collection.
Masterclasses CCBJ/2023
Composta de encontros com nomes de referência nacional e internacional nas áreas de dança, teatro, audiovisual, cultura digital, música e acessibilidade, vem aí a programação de Masterclasses CCBJ 2023. De fevereiro a março, as convidadas e convidados compartilharão seus conhecimentos nas diversas áreas abordadas, com datas a serem divulgadas em breve no site e redes sociais do equipamento.
As Masterclasses são uma iniciativa do Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), equipamento da Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (SECULT/CE), gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM), por meio da sua Escola de Cultura e Artes. Para participar, acompanhe o site e redes sociais do CCBJ para se inscrever nas Masterclasses de cada linguagem artística.
9ª Mostra Retroexpectativa do Cinema do Dragão
Realizada anualmente, a Mostra Retroexpectativa segue até o dia 8 de fevereiro de 2023, apresentando no total 62 filmes aclamados pela crítica e pelo público, títulos destacados pela curadoria, clássicos e inéditos no Ceará, além de cinco debates com realizadores e um curso gratuito sobre Afrofuturismo e Cinema Negro (em parceria com a Escola Porto Iracema das Artes). A seleção de filmes é da curadora e programadora do Cinema do Dragão, Kênia Freitas, e também contou com a colaboração do pesquisador e crítico de cinema Pedro Azevedo Moreira.
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