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Coletivo Inflamável semeia Margaridas há cinco anos

10/02/2025

Coletivo Inflamável completa cinco anos de história e finaliza o ciclo com a circulação do espetáculo “Margarida Contra Tanques” pelo interior do Ceará. O coletivo de teatro realizou a última apresentação da peça no dia 29 de janeiro, após uma série de três apresentações em assentamentos de reforma agrária.

Por meio do projeto Semear Margaridas, com apoio da Lei Paulo Gustavo, a circulação ocorreu nos dias 18, 19 e 25 de janeiro nos assentamentos de Todos os Santos, em Canindé, de Sabiaguaba, em Amontada, e da Barra do Leme, em Pentecoste. No dia 29, o coletivo retornou ao seu território de origem para uma última apresentação de Margarida Contra Tanques no Instituto Psiquê, no bairro Granja Portugal.

Karita em ‘Margarida Contra Tanques’, no Centro Cultural Bom Jardim (Foto: Flávia Almeida/Centro Cultural Bom Jardim)

O espetáculo foi o primeiro do Coletivo Inflamável. “Essa montagem representa o início de tudo”, diz Brena Canto, uma das integrantes do grupo. “Foi com essa peça que nós começamos a dar nossos primeiros passos da nossa existência como coletivo, passamos nos nossos primeiros editais, aprendemos muito sobre questões sociais que afligem a tantos no Brasil e no mundo (…)”, relembra.

Brena Canto fala com carinho sobre o projeto. Segundo a atriz, outros projetos e oportunidades surgiram a partir da peça. Foi isso que fez valer as reuniões, ensaios, pesquisas e estudos. “Margarida Contra Tanques” marcou a história do Coletivo Inflamável e levou o grupo a conhecer diversos teatros, bairros e cidades.  

Nascido no Grande Bom Jardim, o Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ) foi um dos locais que recebeu o coletivo e faz parte da história do grupo artístico. A estreia da peça “Margarida Contra Tanques” se deu em uma versão digital, realizada em 2021, durante a pandemia de Covid-19, disponível no canal do YouTube do equipamento.

O espetáculo foi apresentado como contrapartida do Coletivo Inflamável pela seleção na convocatória para Manutenção dos Grupos e Coletivos Artísticos e Culturais do Grande Bom Jardim. Esse edital do CCBJ, aberto ao público anualmente, ofertou uma série de oficinas de elaboração de projetos, portfólio e release e sobre temáticas como acessibilidade, gênero, direitos humanos e outras.

Aurianderson Amaro em ‘Homem Gabiru’, no Centro Cultural Bom Jardim (Foto: Mar Pereira/Centro Cultural Bom Jardim)

O primeiro espetáculo do coletivo também chegou a se apresentar no equipamento algumas vezes, assim como o projeto “Homem Gabiru”, do mesmo grupo. “Margarida Contra Tanques” também fez parte do projeto Circula CCBJ, uma iniciativa que busca promover a descentralização da programação artística e cultural e levá-la para além dos muros do centro cultural.

Margarida Contra Tanques

A peça “Margarida Contra Tanques” é inspirada na biografia da paraibana Margarida Maria Alves, uma sindicalista e ativista das causas trabalhistas. Ela lutava em favor dos empregados de um canavial no interior da Paraíba e foi violentamente assassinada na década de 1980.

O Coletivo Inflamável define a montagem inspirada na história de Margarida Maria Alves como uma semi-ficção. Em “Margarida Contra Tanques”, o grupo aborda a força da mulher nordestina e as relações empregatícias precárias e exploratórias, além de propagar o fortalecimento da cultura nordestina como poética e estética.

“Nós somos um coletivo voltado para a periferia, buscamos nos comunicar com pessoas que estão à margem da sociedade.”, afirma Brena Canto. Por isso, o Coletivo Inflamável se define como um teatro popular, poético e político. “Buscamos em nossas montagens temas sociais que são planos de fundo da sociedade em que vivemos.”, complementa a atriz.

‘Margarida Contra Tanques’ conta com cinco atores em cena (Foto: Flávia Almeida/ Centro Cultural Bom Jardim)

Esse compromisso com as temáticas sociais e a periferia, para Brena Canto, podem ser fatores que diferenciam o coletivo do qual faz parte de outras vertentes de teatro de Fortaleza. E é essa característica que possibilita a conexão entre as montagens do Coletivo Inflamável e o público.

Um dos comentários mais marcantes para Brena Canto foi o de uma senhora batizada pelo mesmo nome da peça “Margarida Contra Tanques”. Emocionada, a líder e fundadora do Assentamento de Todos os Santos, em Canindé, agradeceu ao coletivo por retratar a sua história de vida.

“Muito obrigada, minha filha, que coisa linda esse espetáculo, eu vivi tudo isso e todo mundo aqui pode ver um pouco do que eu passei, vocês tem que voltar aqui, queria tanto que mais gente pudesse assistir também”, Brena ouviu de dona Margarida, outra líder camponesa, que se sentiu homenageada com o espetáculo.

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