Sete mulheres do Grande Bom Jardim se reúnem por meio do Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ) e, com mediação da educadora social Narah Adjane, realizam atividades de colagem, pintura, desenho, stencil e outras linguagens. No dia 5 de dezembro, o grupo Lonart realiza a exposição “Rabiscando a arte da vida”. Para encerrar 2024, elas exibem as produções realizadas ao longo do ano.
A exposição faz parte da programação da Semana dos Direitos Humanos, desenvolvida pelo Núcleo de Articulação Técnica Especializada (NArTE) do CCBJ. De acordo com Narah Adjane, educadora social do setor, o Lonart faz parte de um conjunto de atividades descentralizadas realizadas pelo NArTE. O intuito é promover o fortalecimento comunitário e a cidadania cultural no Grande Bom Jardim.
Tudo começou quando Narah Adjane convidou o Grupo Produtivo Criart e a ASCABONJA (Associação de Catadores do Bom Jardim) para participar de oficinas de artes visuais na sede do coletivo Criart. Elas utilizam materiais de lona para fazer costura de bolsas e, por meio das oficinas, customizavam os produtos. A ideia era unir arte e sustentabilidade. O grupo era formado por 12 pessoas e hoje se mantém com sete: as mulheres que integram o Criart.
Desde 2022, Ariadna da Silva, Cristina Nascimento, Fátima Celestino, Lutiane Silva, Luzia Nascimento, Maria Valentina, Vicença Soledade e Narah se encontram uma vez a cada mês. Elas começaram a trabalhar com o resíduo de lonas de banner, daí o nome do grupo. Cristina Nascimento conta que o Criart já havia produzido alguns produtos com o material, além de utilizar retalhos e óleo saturado. Tecidos de guarda-chuva, almofadas, bolsas e até sabão ecológico são algumas dessas produções comercializadas pelo coletivo.
Para Cristina, o Lonart possibilitou outros tipos de criação. A participante conta que Narah Adjane dá dicas e direcionamentos, mas explora e instiga a criatividade das participantes. O Lonart consiste em oficinas artesanais que têm como base as artes visuais. O projeto do CCBJ une o trabalho realizado pelo Criart com as técnicas e a criatividade artística do desenho, da pintura e da colagem, mas também fortalece as relações dentro do grupo.
Rabiscos que se criam na força da coletividade
Narah Adjane explica que as produções do Lonart refletem questões do cotidiano das participantes e que o grupo expandiu suas atividades para além do foco produtivo. “Conforme o tempo foi seguindo, o grupo foi percebendo a necessidade de trabalhar questões sobre o cotidiano, partilhando vivências e se fortalecendo através dos encontros”, diz a educadora social do NArTE.
“Ao longo do tempo, a gente viu que era necessário ter conhecimento de quem somos”, afirma Cristina Nascimento. A integrante do grupo conta que Narah Adjane propõe dinâmicas para que as participantes se conheçam mais, troquem experiências de vida e estreitem os laços de parceria. “Não fica só aquele grupo de produção, mas de acolhimento”, complementa. Por isso, elas não perdem um encontro.
“A gente se encontra uma vez no mês e é muito importante, a gente não perde esse dia da gente se encontrar, se rever, olhar olho no olho, se abraçar e de criar”, afirma Cristina. Para além das oficinas, o NArTE também promoveu passeios para as mulheres do grupo. Cristina lembra o passeio à Praia de Iracema e conta que algumas participantes nunca tinham ido ao ponto turístico. “Isso foi muito importante; a gente se ver parte dessa cidade, não somos só do Bom Jardim, somos do mundo”, afirma.
A conclusão que ela tira da experiência com o Lonart é a de que elas são mulheres que podem alcançar o que quiserem. “A oficina faz a gente acreditar que a gente é além do Bom Jardim. Somos pessoas, estamos vivas e queremos ir além”, declara. A exposição conta com um ensaio fotográfico e um apanhado das produções criativas das sete mulheres do território. Mas a ocasião também funciona como uma celebração às vivências construídas pelo grupo.
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