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Centro Cultural Bom Jardim e Comitê Internacional da Cruz Vermelha

29/05/2024

Com a sala de cinema do Cineteatro São Luiz lotada, na noite do dia 21 de maio, terça-feira, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e o Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ) realizaram a estreia de dois filmes com participação de adolescentes do Grande Bom Jardim e promoveram discussões sobre os impactos humanitários da violência armada no evento É Mais do Que Se Vê.

O curta-metragem Uz Crias na Periferia abriu a programação do evento. O filme conta com um elenco composto por adolescentes do projeto Uz Crias, conduzido pela equipe do Núcleo de Articulação Técnica Especializada (NArTE/CCBJ), e trata de Maria Clara (Kauany Silva), uma estudante do ensino médio que sofre racismo na escola e tem a direção de Isabel Mayara, coordenadora de comunicação do CCBJ .

Na sequência, o documentário É Mais do Que Se Vê sensibilizou o público em relação aos impactos humanitários na vida das vítimas de violência armada, por meio de depoimentos das vítimas. A produção mostra ainda as alternativas de enfrentamento por meio da fala de educadores e figuras políticas. O filme também conta com imagens de adolescentes frequentadores do CCBJ na Praia de Iracema.

Após a exibição dos filmes, subiram ao palco seis convidados e a mediadora Helena Barbosa. Entre os participantes, estavam o chefe da Delegação Regional do CICV, as secretárias de Direitos Humanos do Ceará e de Cultura do Ceará, o secretário Municipal de Educação, o coordenador do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará e Girliany Costa, mãe de jovem desaparecido desde 2019, que também participa do documentário.

Uz Crias na Periferia

Diante das situações de violência vivenciadas por Maria Clara, a professora chama a atenção da turma e propõe um trabalho artístico relacionado ao tema racismo. Com o incentivo de seu irmão, Pedro (Natanael Santos), a protagonista e outros jovens se juntam para fazer uma intervenção artística por meio do graffiti, com destaque para a arte de Marielle Franco, disposto na parede frontal do CCBJ.

“Queria começar parabenizando os jovens do Centro Cultural Bom Jardim. Acho que foi uma forma ótima para iniciar hoje, observando e reconhecendo o talento imenso que tem a juventude aqui no Ceará e no Brasil”, disse Alexandre Formisano, chefe da Delegação Regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.

Uz Crias na Periferia foi filmado na Comunidade São Francisco e no Centro Cultural Bom Jardim, ambos localizados no Grande Bom Jardim. O roteiro do filme foi elaborado pelos próprios participantes do projeto Uz Crias durante o curso Vivência em Comunicação e Princípios Humanitários, realizado pelo Centro Cultural Bom Jardim em parceria com o CICV. Os jovens também participam de imagens feitas para o filme É Mais do Que Se Vê, cenas filmadas na Praia de Iracema, em Fortaleza, em um dia de passeio.

Após a exibição do curta-metragem de ficção, seguida dos aplausos calorosos do público, os jovens subiram ao palco. Representando a turma, Natanael Silva, 14, falou brevemente sobre a necessidade de enfrentamento ao racismo. Em seguida, Levi Nunes, gestor executivo do CCBJ, parabenizou os adolescentes e pontuou em sua fala a importância da arte e da cultura no enfrentamento à violência.

Comitê Internacional da Cruz Vermelha

Alexandre Formisano, chefe da Delegação Regional do CICV, iniciou sua fala parabenizando os jovens que estão na tela e por trás do filme Uz Crias na Periferia e pontuou a importância do filme É Mais do Que Se Vê para visibilizar as consequências que a violência pode implicar. “Muitas vezes, essas histórias [de violência] têm sido percebidas como casos individuais e não como fenômenos coletivos”.

O chefe da Delegação Regional do CICV destacou o objetivo de mostrar a natureza coletiva e abrangente do fenômeno da violência urbana e as consequências menos visíveis desse fenômeno para as vítimas por meio do documentário lançado no dia 21 de maio. Ele também falou sobre a necessidade de propor formas de enfrentamento à violência para além da segurança.

Para Alexandre Formisano, o filme tem o intuito de mostrar consequências como o desaparecimento, deslocamento, interrompimento de serviços públicos essenciais, impacto causado nas escolas, entre outras situações. “É importante para o CICV poder chamar atenção sobre aspectos que estão menos vinculados com os temas de segurança e estão muito mais vinculados com respostas na área da proteção, das políticas públicas que possam acompanhar as outras iniciativas de segurança”.

Ainda segundo Formisano,o documentário É Mais do Que Se Vê também se propõe a jogar luz sobre as formas de enfrentamento que estão sendo desenvolvidas e colocadas em prática no Estado do Ceará. “No filme, as pessoas que falam não são unicamente as pessoas afetadas pela violência. Também tem autoridades, pessoas que respondem à violência no dia a dia e que estão se esforçando para encontrar respostas e ampliar esse sistema de proteção”, conclui.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha está presente em Fortaleza, no Ceará, há cinco anos. Em recorrência desse tempo de atuação no estado, a organização internacional propôs dar visibilidade aos esforços desenvolvidos pela Secretaria de Direitos Humanos, pela prefeitura, pela Secretaria de Cultura e por instituições como o Centro Cultural Bom Jardim, a fim de que as respostas encontradas possam servir de inspiração para outros estados e outras autoridades.

É Mais do Que Se Vê

O documentário É Mais do Que Se Vê tem duração de 54 minutos e conta com seis histórias de vida afetadas pela violência armada no Ceará. A produção audiovisual, realizada pelo CICV, também traz a perspectiva de especialistas e autoridades, que abordam as ações em curso no Ceará para lidar com essa difícil realidade.

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