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SE TOCA: “VIXE MARIA, O QUE SERÁ ISSO?!”, POR MARIA ALVES.

27/10/2020

Produção e execução da campanha: Ascom CCBJ
Foto: Darlene Andrade
Texto: Isabel Mayara

Legenda: Maria José Alves Santos, 87 anos, moradora do Grande Bom Jardim (Siqueira). Foto por Darlene Andrade Legenda: Maria José Alves Santos, 87 anos, moradora do Grande Bom Jardim (Siqueira). Foto por Darlene Andrade

Essa foi a expressão verbalizada por Maria José Alves Santos, de 87 anos e há 26, reside no Grande Bom Jardim, no Siqueira. Em seu entorno, na sala da sua casa muitas imagens católicas e, visivelmente, uma devota Mariana. Mazé como gosta de ser chamada, já inicia sua fala com muita emoção. Durante a contextualização sobre a proposta da campanha (propagar as narrativas das mulheres do território, com diagnóstico de câncer de mama e alertar tantas outras mulheres, quanto aos cuidados em preventivos)

Ao ser informada que parte da sua trajetória é inspiração para tantas outras mulheres, Mazé chora e dá uma pausa, falando espaçadamente, entre um choro e uma lembrança. “Em 2014, quando estava fazendo 81 anos, eu estava entrando numa mesa de cirurgia da mama, para retirar um nódulo que tinha virado um câncer. Foi retirada a mama toda. Eu estava nas mãos de Deus e daquele médico, com dois anos apareceu nódulos na axila e mais recente apareceu outro aqui”. Sua fala resumiu os três encontros que Mazé teve e tem com o câncer.  

Aos 80 anos descobriu o desafio de conviver com o câncer de mama. Em 2012, por meio de exame de toque no banho (que sempre realizava, por ter tido experiência profissional em saúde, Mazé fazia o autoexame com frequência). A questão é que de 2012 para 2013 ela silenciou o fato de ter achado um caroço em sua mama. Nesse tempo passa tudo, falta de tempo, coragem para enfrentar, são tantas circunstâncias que motivam ou não,  ao enfrentamento da doença. Mas fica aqui o alerta quanto a importância de realizar a prevenção por meio do autoexame é também a importância de dar o primeiro passo após o suposto diagnóstico. 

Somente em 2013, em uma consulta de rotina tratando da diabetes, ela confessou ao médico que lhe atendeu que tinha identificado um ano atrás um nódulo no peito. Começou uma série de exames e, realmente, foi diagnosticado.

Como chegou a notícia:

“Sempre eu fiz o exame de toque, e um dia eu senti um caroço, e fiquei quieta. hoje eu sei que ninguém guarda doença. Mesmo tendo trabalhado na saúde, passei mais de 22 anos em centro cirúrgico, de tanto ver as coisas, quando foi comigo eu calei. No dia 31 de julho de 2014, eu senti. Vix maria o que será hein? Fiquei um ano com isso”, relata como foi o momento da descoberta do câncer.

Quando recebeu o diagnóstico das mãos da médica que lhe atendia, foi aquela tensão. “ Ela olhava para o papel e olhava para mim, e eu disse diga, que eu estou aqui para escutar.  Mazé confessa que deu uma vontade de chorar, mas fincou o pé no chão e seguiu com fé que seria curada “Seja feita tua vontade”, disse ela olhando para cima.

O reencontro com o câncer em 2016

Em 2014 retira a mama, continua os tratamentos pós operatório e em 2016 descobre mais um nódulo no braço, próximo à mama, que resiste até hoje, lhe causando dores e preocupação. Depois de muitas consultas, exames e tratamentos invasivos, Mazé consegue uma data para a cirurgia para fevereiro deste ano. Com a pandemia, tudo retrocedeu. Segundo ela, os exames pré-operatórios não foram possíveis de ser realizados e a operação foi adiada. Ao lhe perguntar como está sua condição atual, Mazé responde que  vive com poucos recursos e não tem como pagar um carro para ir começar fazer as consultas e exames e mais uma vez vem adiando os cuidados necessários e a retomada dos planos para cirurgia que já estava pré-agendada, pouco tempo assim que começou a pandemia no Brasil. “É muito difícil eu não tenho como ir ficar indo toda hora de ônibus para as consultas e não tenho dinheiro para pagar um transporte que varia em média R$ 50,00. Antes não doía nada, agora com o passar do tempo dói as costas”.

Como era sua vida antes do câncer

Mazé tinha uma vida agitada profissionalmente e ao exercer a função de atendente de enfermagem, repleta de hábitos não saudáveis. Ela na lucidez dos seus quase 90 anos, considera também essas razões um estímulo a chegada do câncer. reforçar que sua rotina frenética, nos hospitais por onde passou,  repletas de plantões, noites mal dormidas, refeições fora de hora, nunca praticava atividade física. 

Mensagem de apoio às mulheres: “Não silenciem!”

A mensagem da Mazé, em apoio às mulheres que recebem o diagnóstico de câncer é: “Se apegar a Deus, e no meu caso à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e até agora venho vencendo. Digo a todas que tenham coragem e não silenciem, ao perceber um caroço qualquer, vá em busca de saber o que é. Eu peço a Deus todos os dias que não quero morrer de câncer, é uma dor que não passa. Eu venci dois, quero vencer mais este”, intenciona Mazé, ainda emocionada.

“Se toca!”

É uma campanha de comunicação do Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), equipamento da Secretaria da Cultura do Governo do Estado do Ceará (SECULT), gerido pelo Instituto Dragão do Mar (IDM). Tem por objetivo propagar as narrativas das mulheres do território do Grande Bom Jardim, com diagnóstico de câncer de mama e alertar tantas outras mulheres, quanto aos cuidados em preventivos, por meio de suas histórias de vida. 

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