O município de Fortaleza, situado na região nordeste e capital do Estado do Ceará, segundo o último Censo (2010) tem uma população de 2.452.115 habitantes. A área total do município de Fortaleza é de 336 km2 e é composto por 119 bairros. Esses estão distribuídos em seis regionais administrativas, segundo a lei 8.000, de 1997, conforme o plano de desenvolvimento urbano do município de 1992.
A área sobre a qual se concentram as intervenções do CCBJ, o Grande Bom Jardim – GBJ, aglutina sobre seu espaço mais de 38 comunidades que formam limites sociológicos e territoriais intra-bairros, formados em grande medida por processos e lutas de ocupação no sentido de garantir o direito à moradia. Os bairros do território são localizados na divisão administrativa municipal denominada Secretaria Executiva Regional V – SER V, situado na região sudoeste de Fortaleza. O GBJ é uma região marcada por altos índices de violência e, especificamente, a violência letal por arma de fogo.
Considerando que o Ceará, assim como praticamente todos os estados da Região Nordeste, apresenta elevadas taxas de criminalidade violenta e características demográficas e socioeconômicas que indicam a situação de maior ou menor vulnerabilidade das pessoas e comunidades.
Os principais indicadores utilizados para aferição do grau de vulnerabilidade são:
– % da população com idade entre 15 e 24 anos;
– % de mulheres chefe de domicílio;
– % de moradores em domicílios não ligados à rede geral de esgoto;
– % da população com 15 anos ou mais de idade analfabeta;
– Renda média domiciliar;
– Número de homicídios;
– Densidade demográfica (hab./ha);
De acordo com o ranking dos bairros segundo o índice de vulnerabilidade, os 05 (cinco) bairros que compõem o GBJ encontram-se entre os 12 (doze) mais vulneráveis da cidade de Fortaleza.
Em termos populacionais, o GBJ engloba 8,33% da população de Fortaleza e 38% da população da área administrativa V (SER V). Esta área é a maior da cidade e concentra os piores indicadores sociais e econômicos. Observando o perfil da população, o território do GBJ possui um grande contingente populacional de pessoas na faixa etária de 0 a 29, em torno de 120.957 habitantes. A expressão proporcional desse número é a representação de que 60% da população total do Grande Bom Jardim é jovem (0 a 29 anos), sendo que do total dessa população 58% dela tem entre 0 e 17 anos, faixa de cobertura das garantias do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90). Ao mesmo tempo em que os jovens representam boa parte dessa população, são também eles as maiores vítimas da violência que caracteriza o GBJ.
Os altos índices de violência registrados no bairro, reflexo da insuficiência de políticas públicas para as populações periféricas, encontram também seu reverso nas iniciativas que tentam minimizar e reverter o prejuízo social da região. As lutas por habitação, mobilidade, saneamento básico, educação, cultura e saúde mobilizam as comunidades e as expressões artísticas e culturais da juventude do território.
Na tentativa de dar vazão ao potencial artístico e criativo da região, o CCBJ soma-se ao coletivo de lutas e iniciativas que tentam transformar a realidade do bairro, por abrir espaço para divulgação, formação, pesquisa, produção, difusão cultural e circulação de produtos criativos e artísticos, ou seja, colaborar para a movimentação mais estratégica da cadeia produtiva cultural local.
O CCBJ executa anualmente um projeto patrocinado pelo FECOP denominado Tempos de Cultura, que propicia a ampliação das ações da Escola de Cultura e Artes do equipamento, bem como a oferta de fruição artística e das ações pautadas pelos direitos humanos e cidadania cultural, dentro e junto às instituições e grupos parceiros.