Hoje, o Centro Cultural Bom Jardim lança no seu canal no YouTube o mini documentário “Dançando com autismo”, que mostra um pouco do percurso de alunos e alunas participantes da ação “Dança e Autismo”, facilitado por Joca Mota e Rosa Primo. O projeto é uma ação em dança que busca construir uma vivência poética junto a crianças dentro do espectro autista e moradoras do território do Bom Jardim, tendo em vista uma abordagem de composição instantânea, experimentando qualidades de presença e a expansão de escuta com o outro.

O mini documentário, produzido pelos facilitadores da ação, traz relatos de familiares responsáveis pelas crianças participantes, contando como as aulas facilitaram o avanço das crianças em questões que envolvem comunicação, socialização, humor e sono. Jonison Silva, pai da Liana, conta que após iniciar as aulas do curso, Liana “se soltou, ela tá mais carinhosa. Eu me lembro que quando ela chegava aqui ela não queria nem entrar na sala. Hoje […] eu já vou dizendo assim “nós vamos pro tio Joca, vamos pra tia Rosinha” e ela já fica alegre, grita, fala”. 

“Dança e Autismo”, projeto realizado pelo Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ), equipamento da Secretaria da Cultura do Governo do Estado do Ceará (SECULT), gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), por meio do Programa de Dança da sua Escola de Cultura e Artes, tem o objetivo de fomentar e construir um espaço de acolhimento, respeito e criação artística junto ao público de crianças com autismo, criando habilidades e ferramentas para compor com o inesperado, levando em conta que se trata de um público tão raro na cena artística. Trata-se de fomentar vivências sob a óptica da composição instantânea, integrando saberes e procedimentos advindos da dança, da música e das artes visuais, constituindo uma atmosfera que dá espaço para criação de imaginários, de subjetividades, de outras autorias.

Trazendo uma abordagem que permite uma escuta mútua entre os participantes, construindo um espaço democrático e fortalecendo laços de confiança de forma poética, o projeto permite o inédito, segundo Rosa Primo. “Para nós, entrar num processo de composição, sendo o público infantil prioritário, deve-se estar atento às crianças, saber ouvi-las, deter-se com elas em uma atenção que é plural, sensível; deter-se com elas em suas travessias e experiências; num corpo que não sabe de divisões nem de regiões de privilégio – uma experiência que nos faz com as crianças, nos dedicando a distender e alargar o tempo delas”, conta.

O anúncio da continuidade do projeto foi dado no dia de estreia do documentário, apresentado para a comunidade e para as famílias das crianças participantes, emocionando as famílias e animando as crianças presentes em saber que seguiram com a programação das manhãs de sábado com o “tio Joca e a tia Rosa”. O projeto reafirma o compromisso do CCBJ,  em promover atividades que envolvem e abraçam a acessibilidade como parte essencial das produções do equipamento. 

“Existem levantamentos de que há uma boa parcela da população do território do Grande Bom Jardim que são identificadas como PcD’s (Pessoas com Deficiência) e vem, com isso, uma questão: afinal, onde estão essas pessoas? Elas acessam equipamentos culturais? Acessam experiências de aprendizagem e criação em artes? Elas estão na agenda do fomento de Cultura e Artes da cidade de Fortaleza, do estado do Ceará? Tendo esse recorte em vista, esta ação se insere justamente no interesse de agitar essas ações de acessibilidade, mas também de ampliar possibilidades concretas de iniciativas no campo da educação, cultura e artes que atendam o público de pessoas diagnosticadas com TEA, reconhecidas como autistas, e as famílias”, diz Joca Mota.

O projeto está sendo desenvolvido desde outubro de 2022 e é uma ação pioneira na oferta de dança para crianças dentro do espectro autista. Em 2023, os encontros da ação estão previstos para acontecer de maio a dezembro, aos sábados, de 8h às 12h, dando continuidade ao atendimento das crianças que já participam. No momento, o projeto não está com vagas disponíveis mas aceita inscrições para a lista de espera caso haja vacância através dos e-mails silvana.marques@idm.org.br ou asspedagogicadanca.ccbj@idm.org.br e dos telefones (85) 3497 5991 ou (85) 98733 8827.